Perder um filho é sempre uma experiência difícil. Mas quando se trata
de um suicídio, o luto pode ser ainda mais complexo, pelas perguntas
que ficarão sem respostas e pela diversidade de sentimentos que
aparecem. Neste processo, os sobreviventes buscam diferentes formas de
seguir em frente.
O casal Terezinha e Joseval resolveu criar uma página para compartilhar sua experiência com outras pessoas e também como forma de homenagear sua filha, Marina.
"Em seu perfil no WhatsApp ela
havia escrito a frase em Catalão “Si us plau, no m’oblidis” = “por
favor, não me esqueça”. Frase que levamos meses após sua partida, para
descobrir o seu significado e logo depois resolvemos fazer este blog
para falar como é viver depois que se perde alguém que se ama por
suicídio, contar nossas experiências e descobertas".
Terezinha escreveu no texto "O luto do sobrevivente":
"O
Luto é uma fase de mudanças e adaptações, é um período muito difícil
para qualquer pessoa que perde alguém que ama, e o luto por suicídio é
um luto ainda mais complicado, pois além de sofrer com a perda do ente
querido, ainda sofremos pela forma que se deu, ficamos em choque e
assimilar tudo é bem difícil. E ainda fica aquela dúvida se houve ou não
culpa, se realmente fizemos tudo que estava ao nosso alcance e o motivo
de uma atitude tão radical.
É um misto de sentimentos e eu pensei que ficaria louca, e pior é um luto solitário. Sentia o desconforto das pessoas quando falava no assunto, então veio o isolamento, as pessoas passaram a se afastar, eu precisava falar e por vezes não tinha ninguém para me ouvir.
Passei a pesquisar na internet sobre o assunto e descobri os grupos de apoio ao enlutado por suicídio e na primeira reunião, quase 1 mês depois da morte da minha filha, aprendi o que é a Posvenção e que somos chamados de sobreviventes, que cada luto é único e deve ser vivenciado, que não é possível dimensionar a dor do outro, que realmente para algumas pessoas falar é necessário, que nós sobreviventes somos estigmatizados de uma forma muito cruel, que alguns sentem vergonha, medo, desamparo e que o luto por suicídio é mais longo que os demais.
Descobri que todos os sentimentos que me afligiam são comuns nos casos de enlutados por suicídio, que o afastamento das pessoas também é normal, já que ninguém sabe lidar com a questão, que a maioria das pessoas incluindo profissionais da área da saúde não sabem muita coisa a respeito dos suicídios.
Me senti acolhida e a empatia dos demais sobreviventes enlutados e dos facilitadores me fez sentir um alívio que até então não havia tido desde a partida da Marina, não me senti julgada pois a maioria ali está na mesma condição.
Infelizmente, são poucos os grupos de apoio específicos e pouco é falado sobre o luto de quem fica, assim como é pouco divulgado sobre o suicídio de uma forma esclarecedora sem sensacionalismo. Por ser tabu o sofrimento de quem perde alguém querido por suicídio só aumenta com esse silêncio, incluindo o do próprio sobrevivente enlutado que por vezes nem sabe que não está só".
É um misto de sentimentos e eu pensei que ficaria louca, e pior é um luto solitário. Sentia o desconforto das pessoas quando falava no assunto, então veio o isolamento, as pessoas passaram a se afastar, eu precisava falar e por vezes não tinha ninguém para me ouvir.
Passei a pesquisar na internet sobre o assunto e descobri os grupos de apoio ao enlutado por suicídio e na primeira reunião, quase 1 mês depois da morte da minha filha, aprendi o que é a Posvenção e que somos chamados de sobreviventes, que cada luto é único e deve ser vivenciado, que não é possível dimensionar a dor do outro, que realmente para algumas pessoas falar é necessário, que nós sobreviventes somos estigmatizados de uma forma muito cruel, que alguns sentem vergonha, medo, desamparo e que o luto por suicídio é mais longo que os demais.
Descobri que todos os sentimentos que me afligiam são comuns nos casos de enlutados por suicídio, que o afastamento das pessoas também é normal, já que ninguém sabe lidar com a questão, que a maioria das pessoas incluindo profissionais da área da saúde não sabem muita coisa a respeito dos suicídios.
Me senti acolhida e a empatia dos demais sobreviventes enlutados e dos facilitadores me fez sentir um alívio que até então não havia tido desde a partida da Marina, não me senti julgada pois a maioria ali está na mesma condição.
Infelizmente, são poucos os grupos de apoio específicos e pouco é falado sobre o luto de quem fica, assim como é pouco divulgado sobre o suicídio de uma forma esclarecedora sem sensacionalismo. Por ser tabu o sofrimento de quem perde alguém querido por suicídio só aumenta com esse silêncio, incluindo o do próprio sobrevivente enlutado que por vezes nem sabe que não está só".
Com textos delicados, informações sobre grupos de apoio, vídeos e outros materiais, a página vale a visita.