Entre os poucos livros voltados especificamente para os enlutados por suicídio, "Depois do suicídio: apoio às pessoas em luto" traz informações e sugestões com muita delicadeza.
Na apresentação, a autora já traz sua proposta:
"Alguém que você amava e por quem se preocupava tirou a própria vida. Talvez você tenha ficado arrasado. Pode ter se sentido chocado, horrorizado. Por que essa pessoa fez isso? Poderia ter feito algo para impedi-la?
Essas e inúmeras outras emoções podem sufocá-lo, fazendo-o sentir-se ferido, indefeso e confuso. Haverá momentos em que você chegará a questionar sua própria sanidade e se perguntará se você ou sua família são as únicas pessoas no mundo a sentir esse trauma. Esses pensamentos são muito normais.
Você não está sozinho. Antes de você, muita gente enfrentou a mesma crise e sobreviveu. Este livro é a compilação dessas experiências.
A morte pelo suicídio pode afetar profundamente a família e amigos mais chegados, mas não apenas esses. Ela também causa dor a conhecidos e a parentes mais distantes, como avós, primos, amigos, professores, colegas de trabalho e terapeutas.
Este livro foi escrito como resposta a muitos pedidos de ajuda feitos por pessoas que passaram pelo luto causado pelo suicídio. Ele tem a intenção de lhe dar alguma compreensão sobre a dor que você está sentindo, e de ajudá-lo a viver novamente de forma plena. Ele também pode ajudar as pessoas que o cercam a compreender suas necessidades" (p. 23).
A parte final, com autorização para fotocópia, traz dicas importantes sobre como ajudar os sobreviventes:
Ajudando o enlutado
O que ajuda
Reservar um tempo
de sua vida e escutar atentamente.
Deixar claro que
a situação pela qual estão passando é normal.
Estimular a
manifestação dos sentimentos à maneira de cada um.
Aceitar seu comportamento
– choro, grito, silêncio, riso.
Mostrar simpatia
– é a base de um relacionamento.
Procurar
entender e aceitar essa pessoa. Cada
pessoa é diferente de outra.
Permitir expressões
como raiva, culpa. Reflita sobre o sentido de suas palavras. Deixar claro que
você compreende o que estão dizendo.
Mostrar que o
luto dura algum tempo para passar.
Manter contato
pessoal ou por telefone. As visitas não precisam ser longas.
Abraçar quando
julgar apropriado.
Falar da pessoa
que morreu.
Incluir as crianças
no luto familiar.
O que não ajuda
Evitar falar
sobre a perda.
Inibir a pessoa
oferecendo conselhos.
Dar sermões ou
argumentação.
Esperar ou
julgar como deveria ter sido.
Usar clichês.
Realizar falsos
consolos.
Dizer ‘sei como
você se sente’.
Tentar fazer
tudo no lugar da pessoa.
Tornar a perda
algo trivial.
Comparar com
outras perdas.
Descrever a
teoria do luto.
Tirar o foco
daquilo que estão dizendo.
Interpretar.
Incluir seus sentimentos
na situação atual.
Deixar de lado a
pessoa, se o fardo se tornar muito pesado.
Dar detalhes de
seu luto.
Ofereça:
Um bom ouvido;
Tempo para
escutar;
Um abraço
carinhoso.
Mantenha
contato. (CLARK, 2007, p. 134-135).
CLARK, Sheila.
Depois do suicídio: apoio às pessoas em luto. São Paulo: Gaia, 2007.