domingo, 26 de junho de 2016

Automutilação -

"Cortar na própria carne não é uma metáfora para muitos adolescentes ..."


      Outro assunto muito importante quando se fala em sofrimento é a automutilação, ou cutting.   A automutilação pode não estar associada ao desejo de suicídio, mas com certeza é um importante sinal de que algo não está bem, pois trata-se de uma conduta autodestrutiva.

    De acordo com o PRO-AMITI, do Laboratório Integrado dos Transtornos de Impulso (http://www.proamiti.com.br/automutilacao):
   
A automutilação pode ser definida como qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio. Esse comportamento é repetitivo, chegando, em alguns casos, a mais de 100 vezes em um período de 12 meses. As formas mais recorrentes de automutilação são cortar a própria pele, bater em si mesmo e queimar-se e em geral as áreas onde são produzidos os ferimentos são os braços, pernas, abdômen e áreas expostas.

Critérios diagnósticos segundo o DSM-5

A. No último ano, o individuo se engajou, em cinco ou mais dias, em dano intencional autoinflingido à superfície do seu corpo, provavelmente induzindo sangramento, contusão ou dor (por exemplo: cortar, queimar, fincar, bater, esfregar excessivamente), com a expectativa de que a lesão levasse somente a um dano físico menor ou moderado (por exemplo, não há intensão suicida).
Nota: A ausência de intenção suicida foi declarada pelo individuo ou pode ser inferida por seu engajamento repetido em um comportamento que ele sabe, ou aprendeu, que provavelmente não resultará em morte

B. O indivíduo se engaja em comportamentos de autolesão com uma ou mais das seguintes expectativas:
1. Obter alívio de um estado de sentimento ou de cognição negativos.
2. Resolver uma dificuldade interpessoal.
3. Induzir um estado de sentimento positivo.
Nota: O alívio ou resposta desejado são experimentados durante ou logo após a autolesão, e o indivíduo pode exibir padrões de comportamento que sugerem uma dependência em repetidamente se envolver neles.

C. A autolesão intencional está associada a pelo menos um dos seguintes casos:
1. Dificuldades interpessoais ou sentimentos ou pensamentos negativos, tais como depressão, ansiedade, tensão, raiva, angústia generalizada ou autocrítica, ocorrendo o período imediatamente anterior ao ato de autolesão.
2. Antes do engajamento no ato, m período de preocupação com o comportamento pretendido que é difícil de controlar.
3. Pensar na autolesão que ocorre frequentemente, mesmo quando não é praticada.

D. O comportamento não é socialmente aprovado (por exemplo: piercing corporal, tatuagem, parte de um ritual religioso ou cultural) e não está restrito a arrancar carca de feridas ou roer as unhas.

E. O comportamento ou suas consequências causam sofrimento clinicamente significativo ou interferência no funcionamento interpessoal, acadêmico ou em outras áreas importantes do funcionamento.


F. O comportamento não ocorre exclusivamente durante episódios psicóticos, delirium, intoxicação por substancias ou abstinência de substancia. Em indivíduos com um transtorno do neurodesenvolvimento, o comportamento não faz parte de um padrão de estereotipias repetitivas. O comportamento não é mais bem explicado por outro transtorno mental ou condição médica (por exemplo, transtorno psicótico, transtorno do espectro autista, deficiência mental, síndrome de Lesch-Nyhan, transtorno do movimento estereotipado com autolesão, tricotilomania (transtorno de arrancar cabelo, Hair-pulling), transtorno de escoriação (skin-picking).


      Quem busca refúgio na automutilação, de acordo com pesquisas, pode estar tentando:
  • Reduzir a tensão interna, ao transformar a dor emocional em dor física;
  • Distrair-se de situações intoleráveis;
  • Comunicar angústia ou outros sentimentos difíceis;
  • Encontrar uma forma de autopunição.

Matéria da Revista Marie Claire também aborda o tema:

Estimuladas por perfis de jovens depressivas que se machucam e postam as fotos dos cortes nas redes sociais, adolescentes do mundo todo se trancam nos banheiros e repetem a cena: talham a própria pele na tentativa de aplacar uma dor sentimental.


“Para essas meninas, a automutilação funciona como um tipo de ‘automedicação’, uma forma de localizar a angústia difusa em uma parte do corpo sob a forma de dor”, afirma Dunker sobre o cutting, esse fenômeno acentuadamente feminino. “Há também um prazer estético que se obtém pelo olhar do sangue que escorre.”

"A automutilação apareceu pela primeira vez no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Sociedade Americana de Psiquiatria em 2000 e ainda não é vista como um distúrbio isolado. “Esse comportamento é muito influenciado socialmente”, concluiu a psicóloga e pesquisadora canadense Nancy Heath em um estudo de 2009 feito com jovens, a maioria meninas universitárias, que se cortavam em seu país."



#CANSADA DE TUDO#SOFRIMENTO#VIDA DIFICIL
Eu me corto por isso, por não aguentar as pessoas falando de mim, por ser fraca o bastante, por não conseguir não ligar pra isso, meus pulsos estão marcados e a cada dia vão ficar com mais marcas por causa de vocês, por causa dessa sociedade cruel que tem hoje em dia, eu tento parar de me cortar mas você acha que eu consigo? que eu olho pra lamina e digo “não”? A unica coisa que vem na minha cabeça é “corta,vai melhorar, essa dor vai desaparecer” então eu vou lá e me corto, vejo o sangue escorrendo pela minha mão, sabendo que ali vai se formar mais uma cicatriz, sabendo que me cortando não vai adiantar de nada. Mas sabe o que é olhar pra lamina e ela tipo falar “faz isso, eu sou sua amiga to aqui pra sempre, nunca te abandonei como elas, eu não te julgo como eles”? não? pois é isso que eu ouço quando olho pra lamina, no começo eu praticava a mia só que eu não conseguia mais, meu corpo não deixava mais, é como se ele me alerta-se “não faz isso” eu parei com a mia mas eu comecei a me cortar, a marca meus pulsos, a me mutilar num jeito de fazer com q as pessoas vissem e fossem me ajudar de alguma maneira, que me notasse que meus sorrisos não são verdadeiros que eles não mostram a minha dor, mas que meus olhos me entregam, mas quem nota isso? ninguém, ninguém se importa se meus pulsos estão cheios de cicatrizes, ninguém nota que eu to bem mais magra, que eu não paro de usar casacos, que eu não sorrio como antes, que meus olhos vivem inchados, vermelhos e que de vez em quando derramo uma lagrima, ninguém nota isso porque eu sou invisível, so apenas um projeto de ser como meu pai disse “eu nunca devia ter nascido” sabe oque é ouvir isso do seu proprio pai? sabe oque é voce ouvir da boca dos seus pais que voce é um nada? que voce devia ter morrido com o remedio que ele deu a sua mãe? que independente de DNA voce NUNCA sera filha dele? ou sabendo que ele mora na rua de trás a sua e te ignora? mas tem gente que acha besteira eu descontar isso nos meus pulsos, sabe é facil falar “tem gente que passa por coisas piores que voce e não faz isso” MAS É DIFICIL ENTENDER QUE EU NÃO SOU ESSAS PESSOAS? QUE EU NÃO SOU FORTE? sim é dificil vê que aquela menininha doida sofre isso, é dificil saber que aquela menininha ja foi abusada, ja sofreu demais. Muitos acham que falrr isso é pra que tenham PENA, mas quem disse que eu quero pena? ja basta pena pra mim, ja basta eu ser excluida de tudo, sabe oque é ouvir da boca da sua melhor amiga “vê se da proxima vez acerta a veia e morre de uma vez”? sabe oque é chegar em todo lugar e ver as pessoas falando de voce?cochichos, fofocas, pessoas te chamando de loca por fazer isso ou ate mesmo dizendo “pq voce não morre logo? ninguém gosta de voce” e isso tudo sai da boca de quem voce mais ama, mas quem se importa se um dia eu morre, sera que quando isso acontecer vão dizer “ela não demonstrava nada” “sempre tava com um sorriso no rosto” “porque não notamos isso”? os meus gritos de socorro são silenciosos, abafados pelos casacos, só compartilhados com a lamina minha fiel amiga, a unica que nunca me abandono, todo dia sorrisos falsos se formam na minha boca mas ninguém nota isso porque? porque eu sou invisivel, insignificante pra tudo e pra todos."
- Texto encontrado na Internet

Principais fatores de proteção:
- Resiliência
- Apoio da família e de amigos.


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