Um livro de Paulo Coelho, lançado em 1998, "Veronika decide morrer" aborda a temática do suicídio e também da loucura.
Sinopse: O livro conta a história de Veronika, uma jovem eslovena, que não aceita a ideia de viver uma vida sem sentido, decidindo se matar com uma overdose de calmantes. O suicídio fracassa e Veronika é internada em uma clinica psiquiátrica. Atendida pelo Dr. Igor, é informada que não terá mais que algumas semanas de vida, e provavelmente, morrerá internada. Durante seu tempo interna conhece Eduard, um jovem esquizofrênico que não conversa com ninguém. Veronika e Eduard se apaixonam e resolvem fugir da clinica psiquiátrica. Paulo Coelho inspira-se na sua própria experiência de vida, vivida aos 17 anos, idade em que também esteve internado numa clínica.
"No dia 11 de novembro de 1997, Veronika decidiu que havia - afinal! - chegado o momento de se matar. [...]" (p. 07).
"Acreditava ser uma pessoa absolutamente normal. Sua decisão de morrer devia-se a duas razões muito simples, e tinha certeza de que, se deixasse um bilhete explicando, muita gente ia concordar com ela.
A primeira razão: tudo em sua vida era igual, e - uma vez passada a juventude - a tendência era de que tudo passasse a decair, a velhice começasse a deixar marcar irreversíveis, as doenças chegassem, os amigos partissem. Enfim, continuar vivendo não acrescentava nada; ao contrário, as possibilidades de sofrimento aumentavam muito.
A segunda razão era mais filosófica: Veronika lia jornais, assistia à TV, e estava a par do que se passava no mundo. Tudo estava errado, e ela não tinha como consertar aquela situação - o que lhe dava uma sensação de inutilidade total" (p. 13).
"Aos 24 anos, depois de ter vivido tudo que lhe fora permitido viver - e olha que não foi pouca coisa! - Veronika tinha quase certeza de que tudo acabava com a morte. Por isso escolhera o suicídio: liberdade, enfim. Esquecimento para sempre. No fundo do seu coração, porém, restava a dúvida: e se Deus existe? Milhares de anos de civilização faziam do suicídio um tabu, uma afronta a todos os códigos religiosos: o homem luta para sobreviver e não para entregar-se. A raça humana deve procriar. A sociedade precisa de mão de obra. Um casal necessita de uma razão para continuar junto, mesmo depois que o amor deixou de existir, e um país precisa de soldados, políticos e artistas.
“Se Deus existe, o que eu sinceramente não acredito, entenderá que há um limite para a compreensão humana. Foi Ele quem criou esta confusão, onde há miséria, injustiça, ganância, solidão. Sua intenção deve ter sido ótima, mas os resultados são nulos; se Deus existe, Ele será generoso com as criaturas que desejaram ir embora mais cedo desta Terra, e pode até mesmo pedir desculpas por nos ter obrigado a passar por aqui.”
Que se danassem os tabus e as superstições. Sua religiosa mãe dizia: “Deus sabe o passado, o presente e o futuro.” Nesse caso, já lhe havia colocado neste mundo com plena consciência de que ela terminaria por se matar, e não iria ficar chocado com seu gesto" (p. 14).
"- Por isso eu estava chorando - disse Veronika. - Quando tomei os comprimidos, eu queria matar alguém que detestava. Não sabia que existiam, dentro de mim, outras Veronikas que eu saberia amar" (p. 70)
"Estava internada num hospício, e podia sentir coisas que os seres humanos escondem de si mesmos - porque somos todos educados apenas para amar, aceitar, tentar descobrir uma saída, evitar o conflito. Veronika odiava tudo, mas odiava principalmente a maneira como conduzira sua vida - sem jamais descobrir as centenas de outras Veronikas que habitavam dentro dela, e que eram interessantes, loucas, curiosas, corajosas, arriscadas." (p. 73)
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