sábado, 28 de setembro de 2019

Artigo: Ler livros e assistir filmes como um fator de proteção contra a ideação suicida

Eu amo ler, quem me conhece sabe o quanto sou apaixonada por livros (tenho até um Instagram só para as minhas leituras: https://www.instagram.com/a.biblioteca.da.psicologa/). 

Amei ler sobre esta pesquisa: Kashara-Kiritani e outros autores (2015) fizeram um estudo com 3256 jovens para investigar se livros e filmes poderiam ser fatores de proteção para ideação suicida grave.

De acordo com os autores, uma quantidade substancial de pesquisa foi conduzida sobre a relação entre comportamento suicida e consumo de várias formas de mídia, como jornais, televisão, cinema, música, literatura e, nos últimos anos, diferentes tipos de plataformas de comunicação na Internet. A grande maioria das pesquisas se concentrou na imitação, ou contágio, conhecido como “efeito Werther”, isto é, que a cobertura da mídia sobre o suicídio pode desencadear um comportamento suicida real em indivíduos vulneráveis ​​nas audiências. Alguns estudos também investigaram se as recomendações da mídia sobre relatos responsáveis ​​de casos de suicídio têm uma influência protetora, conhecida como o “efeito papageno”, sobre os consumidores. Niederkrotenthaler, Voracek  realizou estudos que indicam esse tipo de efeito preventivo. Não surpreendentemente, esses tipos de estudos sobre os efeitos da mídia no suicídio concentram-se principalmente na mídia que relata um tema específico do suicídio. No entanto, os efeitos relacionados ao suicídio do consumo mais geral de mídia, como a leitura de livros ou a exibição de filmes com temas não específicos, são em grande parte desconhecidos.

Os fatores de proteção são menos freqüentemente o foco de pesquisas sobre suicídios de jovens em comparação com fatores de risco. As percepções de pertencimento dos adolescentes demonstraram estar relacionadas à depressão, rejeição social e problemas escolares, bem como à tendência suicida, provavelmente devido à falta de apoio social. Neste estudo investigou-se se a leitura de livros e a exibição de filmes podem constituir um fator de proteção em adolescentes que se sentem excluídos. Evidências mostram que a quantidade de leitura impacta nas habilidades sociais, bem como na participação da comunidade. Ler livros ou assistir filmes pode compensar a falta de apoio social se, por exemplo, o leitor puder se identificar de alguma forma com a narrativa, fatores situacionais ou protagonistas das histórias. Através desta identificação, os leitores ou observadores podem sentir-se menos sozinhos, ou podem aprender com essas mídias sobre estratégias de enfrentamento, estratégias de ajuda ou talvez aumentar sua disposição de discutir seus problemas com profissionais de saúde ou outros.

A contribuição da mídia para a mudança comportamental pode ser explicada de várias maneiras. Parece plausível que a leitura de livros ou a exibição de filmes possa, até certo ponto, compensar a falta de contato social. É possível que essas atividades atuem como um fator de proteção contra a ideação suicida, fornecendo apoio social: os adolescentes podem se beneficiar de relacionamento saudável com seus pares, ganhando modelos, apoio emocional ou motivacional, senso de pertencimento, etc. , através de afiliação e identificação. Esses mesmos processos (isto é, afiliação e identificação) também podem estar direcionados a modelos positivos nos personagens livro / filme. Outras explicações plausíveis podem ser que livros e filmes funcionam como uma fuga, ou se afastam dos estressores cotidianos, e servem como ferramenta para desenvolver melhores habilidades de enfrentamento do estresse, através de um aumento na alfabetização em saúde mental, por exemplo, como personagens de livros e filmes lidam com problemas diferentes.

Pesquisas futuras podem querer explorar motivações para os alunos se envolverem em ler ou assistir a filmes para apoiar ainda mais as teorias potenciais propostas neste artigo, por exemplo, foi o motivador uma forma de evitar / escapar, ou um desejo de "pertencer"; o conteúdo da própria mídia, que estava além do escopo deste estudo, também pode fornecer alguma luz para fornecer explicações. O mecanismo específico por trás dos efeitos de ler livros e assistir a filmes, em relação à tendência suicida, precisa de mais investigações. Mais estudos são necessários para especificar o alvo de pertencimento.

Conclusões
Livros e filmes podem atuar como fontes de apoio social ou alfabetização em saúde mental e, assim, reduzir o risco de suicídio constituído por baixo senso de pertencimento. Recomendação de que os alunos com baixo sentimento de pertencimento, que estão em risco de comportamento suicida, devem ler livros e / ou assistir a filmes que possam ter efeitos preventivos.
 


Referências:

Kasahara-Kiritani et al. (2015) Reading Books and Watching Films as a Protective Factor against Suicidal Ideation. Int J Environ Res Public Health. 2015 Dec; 12(12): 15937–15942. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4690968.



domingo, 22 de setembro de 2019

Cartilhas "Prevenção do Suicídio na Internet"

Nós do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio desenvolvemos duas cartilhas sobre prevenção do suicídio na internet: uma voltada para adolescentes e outra para pais e educadores.

Para fazer o download gratuito acesse o nosso site e clique em "Materiais" > "Cartilhas e Manuais":

As cartilhas tem o apoio da Safernet Brasil, Google Brasil e UNICEF.

#suicidio #prevenção #internet #paisefilhos #educadores #setembroamarelo


domingo, 15 de setembro de 2019

Vídeo: O que é o suicídio?

Repost @vitaalere
No ar!! #VocêSabia - episódio 1

No episódio de hoje do #vocêsabia vamos esclarecer "O que é o suicídio", pois muitas pessoas tem dúvidas sobre esse assunto.

Essa série vai responder as dúvidas mais comuns a respeito do tema e é voltada à prevenção, ao acolhimento e à busca por ajuda.

Nós do Instituto Vita Alere temos trabalhado desde 2013 de forma ética, responsável e comprometida com a prevenção e posvenção do suicídio.

Nos siga nas redes sociais para mais informações:
Instagram: @vitaalere
Facebook: Instituto Vita Alere @vitaalere
www.vitaalere.com.br


domingo, 8 de setembro de 2019

90% dos suicídios poderiam ser evitados?

Esta é uma informação muito divulgada, mas incorreta.
Compartilho com vocês um texto do Nomoblidis:

"90% dos suicídios poderiam ser evitados
Mas não é bem assim!
Você acabou de perder alguém que ama por suicídio e está arrasado e ao procurar informações sobre o tema dá de cara com a seguinte afirmação:

"90% DOS SUICÍDIOS PODERIAM SER EVITADOS"
Com certeza você que já está se sentindo péssimo, ficará pior.

Vamos explicar o porquê dessa afirmação.
A  OMS (Organização Mundial da Saúde) considera que 90% dos suicídios poderiam ser evitados MAS para isso, bastaria que a pessoa recebesse ajuda adequada.

Suicídio é um TABU
Porém, como essa pessoa vai receber ajuda se o tema é um TABU, e ninguém fala sobre isso? Ela saberá que existe uma saída? Que o suicídio não é a única opção? Que ela não precisa se sentir estigmatizada ou envergonhada por pensar sobre? As pessoas que convivem com ela saberão identificar os sinais e como oferecer apoio?

Também existe o componente religioso, que contribui para reforçar o TABU, principalmente na cultura Cristã que acredita que  a vida é um dom divino dada por Deus, e que só por Ele pode ser retirado. Ninguém tem autonomia para tirar a própria vida, o que contribui muito para que o suicida não peça ajuda, por medo de ser considerado um pecador e uma pessoa sem fé.

Há ainda a questão dos problemas como depressão e outros distúrbios mentais, como  a ansiedade, serem tratados como frescura, e que a pessoa só quer chamar a atenção ou é fraca, não tem força de vontade e ou  preguiça. Esse tipo de julgamento só faz com que  quem precise procurar ajuda psiquiátrica e psicológica, sinta vergonha e a afasta da ajuda necessária.

Você não tem culpa
Então caro enlutado, não fique  se achando a pior  pessoa do mundo por não ter evitado o suicídio do seu ente querido, você não teria como ter ajudado se não possuía  as informações necessárias e não fazia ideia de como agir.

Por isso precisamos falar sobre o suicídio pois não tratar o problema não faz com que ele desapareça, ao contrário apenas permite que ele cresça no escuro. E este deve ser  primeiro passo  para que  realmente os 90%  dos suicídios possam ser evitados.

Um dos maiores especialista em Suicidologia, professor da Unicamp, Dr. Neury Botega se pronunciou sobre isso:

"Não sei de onde a O.M.S. - Organização Mundial de Saúde tirou esse número"'. 

Veja este texto e o vídeo com o Dr. Botega no Programa do Bial falando sobre isso em: 



domingo, 1 de setembro de 2019

Artigo: Grupo de Apoio aos Enlutados pelo Suicídio: uma experiência de posvenção e suporte social

É com muita alegria que compartilho o artigo que eu, Karen Scavacini e Elis Regina Cornejo escrevemos e foi publicado hoje pela revista M. Estudos sobre a morte, os mortos e o morrer.

O trabalho foi publicado no Dossiê Suicídio, seus sentidos histórico-sociais e o sofrimento humano hoje.

Resumo

O tabu e o estigma produzidos culturalmente em torno do suicídio impõem interdições e sanções no processo de luto dos sobreviventes do suicídio, o que implica em uma dificuldade na simbolização da perda, devido ao não reconhecimento e validação social desse tipo de morte. Estas características particulares denunciam a falha de suporte social ao sobrevivente enlutado por suicídio que pode contribuir com o intenso sofrimento vivido e para a complicação na elaboração do luto. O presente artigo tem como finalidade apresentar um relato de experiência de pósvenção do suicídio com o Grupo de Apoio aos Enlutados pelo Suicídio, abordando a importância deste espaço para a promoção de um suporte social que habitualmente é frágil ou inexistente no processo de luto destes sobreviventes por suicídio. Esta experiência evidencia o grupo de apoio como um importante espaço para elaboração do luto por suicídio, onde o pesar e o sofrimento são expressos e validados, possibilitando que os enlutados possam encontrar um lugar de fala e pertencimento entre os pares.

Palavras-chave: Luto; Sobreviventes; Grupos de apoio; Suicídio


Link do artigo: