"Cuidado, frágil: aproximações e distanciamentos de trabalhadores de um CAPS
na atenção ao suicídio"
RESUMO
Este trabalho investigou a atenção ao suicídio em um dos NAPS (Núcleos de Atenção Psicossocial) de Santos/SP, visando propor intervenções que possam qualificar a atenção a estes casos. Trata-se de uma pesquisa-intervenção de abordagem cartográfica, na qual foram utilizados diversos instrumentos para a produção dos dados. Pretendeu-se inicialmente compreender a organização do processo de trabalho para atender a esta demanda e para tal foram realizados levantamentos dos registros de atendimentos da triagem no período maio de 2012 a dezembro de 2013, estudo de prontuários com relato de tentativa de suicídio e/ou ideação suicida e análise do fluxo de atendimento do usuário no serviço. Foram realizadas também entrevistas semiestruturadas com trabalhadores de saúde envolvidos nesse atendimento para compreender suas concepções a respeito do tema. Esses materiais, bem como a implicação da pesquisadora, que também integrava a equipe desta unidade foram analisados em espaços de orientação individual e coletiva. Constatou-se que as ofertas de atenção estavam centradas na medicalização do sofrimento mental e a organização do serviço era predominantemente centrada na oferta de consultas médicas. No que diz respeito ao suicídio, percebeu-se que havia uma simplificação da problemática relacionada ao tema e que seria importante ver de uma forma mais complexa as diferentes perspectivas sobre o suicídio e como oferecer cuidado nesses casos. Os dados iniciais dispararam questionamentos que motivaram a construção de um material que também se constitui como produto de pesquisa, denominado como caixa de afecções (com livros, artigos, filmes, músicas e poesias) que traz diferentes percepções sobre suicídio e foi utilizado nas rodas de conversa, podendo ser consultado e/ou utilizado por profissionais, estudantes e outros que se interessem pelo tema – disponibilizado no blog Falando sobre suicídio (http://falandosobresuicidio.blogspot.com.br). Na fase seguinte da pesquisa, foram realizadas quatro rodas de conversas com a equipe, nas quais os materiais e as questões sistematizadas foram apresentados e dispararam novas conversas que permitiram problematizar as concepções predominantes sobre o tema e repensar o processo de trabalho da equipe na unidade, não apenas em relação à atenção ao suicídio, mas também para as outras demandas de sofrimento mental. Também emerge como aspecto importante, tanto nas entrevistas individuais quanto nas rodas de conversa, o sofrimento dos trabalhadores desse equipamento e a medicalização do sofrimento. Posteriormente, foram entrevistados também os psiquiatras da unidade, dada a importância da consulta médica e da prescrição de medicamentos na organização do serviço para atender a esta e outras demandas. Esta etapa produziu novos dados que contribuíram para a ampliação dessa discussão. As intervenções construídas por esta investigação ocorreram desde os momentos iniciais da pesquisa e se expressam no protagonismo dos trabalhadores, que se mobilizaram para a criação de espaços de encontro e de educação permanente, com o objetivo de analisar seu processo de trabalho e o cuidado produzido. Espera-se contribuir para a reflexão e propostas de cuidado para este importante problema da saúde pública.
Palavras-chave: Suicídio, Educação Permanente, Saúde Mental, Processos de Trabalho em Saúde.
http://www2.unifesp.br/centros/cedess/mestrado/baixada_santista_teses/027_bx_dissertacao_lucianacescon.pdf
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