Sinopse:
“Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio.” – Tyler
A autora de fantasia que está encantando leitores com a força de sua escrita lança seu primeiro romance contemporâneo – uma trama comovente e impactante situada nos dias de hoje. Depois de sucessos internacionais como a saga Sobrenatural, Cynthia Hand demonstra todo o seu talento numa história sobre perda, culpa e superação. O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz. O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto? Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante. O Último Adeus é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes.
Cynthia Hand divide seu tempo entre o sul da Califórnia, onde vive com o marido e o filho, e o sudeste de Idaho, perto das Montanhas Teton. Escritora best-seller do New York Times, Hand dá aulas de escrita criativa na Universidade de Pepperdine. Na mesma linha de Os 13 Porquês (Jay Asher) e Se eu Ficar (Gayle Forman), O Último Adeus é o seu primeiro romance contemporâneo. “Um romance emocionalmente complexo e poderoso que permanece com os leitores muito tempo após fecharmos o livro. Brilhante e ao mesmo tempo de estilhaçar de dor, com vida e esperança.”
Atenção. Contém spoilers.
Indicado por uma amiga, este é um dos livros mais interessantes sobre o processo de perda dos sobreviventes. Com certeza, parte da sua força e da sua delicadeza surgem da experiência pessoal da escritora:
"Meu irmão se matou em 1999. Ele tinha 17 anos e estava no terceiro ano do ensino médio; eu tinha 20 anos e estava no terceiro ano da faculdade. Eu sinto saudade dele todos os dias. Estes são os fatos.
Dito isso, quero deixar claro que este romance é uma obra de ficção. Meus fatos não são o que acontecem nestas páginas. [...]" (p. 348).
Um trecho a respeito de uma consulta de Alexis com seu psicoterapeuta:
"Dave é um cara legal. Não sei ainda para que ele é realmente bom, além de ser uma maneira errada de a minha mãe sentir que está fazendo algo por mim nesse momento de necessidade. Como se a vida não fosse ficar uma droga agora, independentemente do que aconteça. Mas não importa. Meu irmão morreu. Não estou falando muito, e não estou saindo com meus amigos, e não estou sendo a Lexie normal que todos esperam.
Então, está claro que eu deveria fazer terapia.
Assim, eu fico na sala de Dave por trinta minutos até conseguir pensar em algo produtivo a dizer. Até agora, ele está bem com isso - deixa que eu fale quando estiver pronta [...]
Certo. Tivemos uma discussão na semana passada.
Porque eu contei a ele sobre o buraco em meu peito. Sobre como tenho a impressão de que vou morrer nas vezes em que o buraco aparece. Que estou morrendo de medo que esses momentos aconteçam cada vez mais, e de que eles durem cada vez mais tempo, até que eu só sinta o buraco, e então, talvez ele me engula para sempre.
Pensei que tinha sido corajoso da minha parte me confessar. Eu estava tentando me abrir para ele. Eu estava tentando fazer o que se tem que fazer.
Eu queria que Dave me dissesse era que o buraco é horrível, sim, totalmente horrível, mas que é normal, e que vai melhorar, não piorar, e que não vou morrer, pelo menos ainda não. Vai doer por um tempo, mas eu vou viver.
E então, eu tentaria acreditar nele.
Mas o que ele disse foi: 'Podemos receitar um remédio para você'.
[...]
Eu disse: 'Você quer me dar antidepressivos?'
Ele falou que os antidepressivos com terapia tradicional formavam uma combinação muito eficiente.
Eu perguntei: 'Você acha que estou deprimida?'
Ele tossiu. 'Acho que você passou por algo muito difícil, e o remédio pode facilitar um pouco as coisas'.
'Compreendo. Você já leu o livro Admirável Mundo Novo, do Huxley?', perguntei.
Ele piscou algumas vezes. 'Não, acho que não.'
'É sobre uma sociedade no futuro na qual haverá uma droga chamada soma que deixa todo mundo feliz', expliquei. 'Essa droga conserta tudo. Não está satisfeito com o trabalho? Não tem problema. Se usar soma, nada te perturba. Sua mãe morreu? Tome soma, e tudo vai ficar ótimo.'
'Alexis', disse Dave. 'Estou tentando ajudar. O que você está falando sobre esse buraco mais parece uma descrição de ataque de pânico ...'
'Mas aí está', falei. 'Aquela sociedade futurística na qual todo mundo é drogado para ser feliz, o tempo todo, independentemente do que aconteça, é horrível - monstruosa, até -, é como o fim da humanidade. Porque temos que sentir coisas, Dave. Meu irmão morreu, e eu tenho que sentir'.
(p. 42-45).
Outro trecho impactante, que mostra a complexidade das marcas que ficam nos sobreviventes, é quando Alexis conversa com sua mãe em uma viagem para Graceland. Lexie foi aceita no MIT e propõe que a mãe se mude com ela para um novo lugar.
"Se minha mãe fosse para Massachussets comigo, não seria como eu pensei, com as conversas de fim de noite no quarto e passeios com grupos de amigos. Mas poderia ser melhor: porque, assim, minha mãe não estaria sozinha, e poderíamos escapar de Nebraska e do que aconteceu na nossa garagem. Não teríamos que voltar nunca mais. Poderíamos começar do zero. Nós duas.
'Minha vida acabou', diz ela de novo.
[...]
'Sua vida não acabou. Isso é babaquice'.
Ela arregala os olhos. 'Alexis. Olha como fala'.
'É babaquice', repito para enfatizar, e dessa vez, consigo dizer com convicção. [...] Se tem alguém que vai viver até os cem anos é você. Então, pare de dizer que sua vida acabou. Não está nem na metade. E sim, seu filho morreu, e é terrível, e dói, mas não é sua culpa. E sabe de uma coisa? Todo mundo morre e todo mundo perde pessoas amadas - todo mundo - e isso não é desculpa para você morrer ... Amo você, e preciso que você seja minha mãe, e preciso que você tenha uma vida. Então, supere.'" (p. 240)
Um evento como esse de fato pode afetar muito as famílias. E a personagem fala de diferentes vivências ... da complexidade de sentimentos que podem surgir ... de diferentes formas ...
Em seguida, ela tenta expressar seus sentimentos em relação ao irmão.
"Espero. [...] Até jantarmos. Até minha mãe dormir. Então, desço para o quarto de Ty. [...]
Ele não está aqui. Mas quero que esteja.
' Quero conversar com você' digo. 'Ty'.
'Vamos. Não podemos fugir, certo? Era o que você estava tentando me dizer hoje? Que você sempre vai ficar aqui, no banco de trás. Seu cheiro. Sua sombra. Sua memória. [...]
'Você é egoísta', digo à escuridão. 'Sabia disso? Você é a pessoa mais egoísta que conheço. Você nem pensou em como isso afetaria a mamãe, não é? [...] " (p. 244)
Outra face do sentimento da personagem é de culpa pelo que aconteceu. Na noite em que seu irmão se matou, Alexis estava com o namorado e recebeu uma mensagem de texto do irmão. E não respondeu. E passou a se culpar por isso. E terminou o namoro em seguida.
E durante o processo de luto, quase no final do livro, ela escreve uma carta para Steven, seu ex-namorado.
"Preciso contar sobre aquela noite. Sei que você já sabe os detalhes. Você estava lá. Mas preciso que veja as coisas pela minha perspectiva, para que entenda por que fiz o que fiz.
[...]
Puxei sua cabeça para beijá-lo de novo, mas meu telefone vibrou de repente.
Eu o peguei e olhei.
Era uma mensagem de texto.
Não contei a você de quem era. Não disse 'É o meu irmão.' Não contei o que estava escrito.
Durante todo esse tempo, nunca contei a ninguém.
Mas vou contar agora.
Estava escrito: Ei, mana, pode conversar?
Aqui é a parte em que a realidade se mostra para mim, a parte em que desliguei o celular e o afastei de mim, e voltamos a nos beijar.
Mas existe uma versão alternativa do que aconteceu naquela noite. Sempre haverá, para mim. [...] Nessa realidade - que eu sei que não é uma realidade, mas uma fantasia, um desejo, uma oração que não foi ouvida - Ty me conta o que preciso saber. Que ele está triste. Que está preso no presente. Que não consegue ver além. Que perdeu o futuro.
Então, digo a ele que ele é forte o bastante para superar a tristeza.
Digo a ele que não quero viver neste mundo louco sem ele, e digo que preciso dele.
[...]
Digo que o amo.
E o fato de eu dizer essas coisas basta para matar os demônios dele.
E ele sobrevive àquela noite.
Ele vive.
No entanto, em vez disso, desliguei o telefone e beijei você. [...]
Olhei para você e pensei: Isso é culpa sua. [...]
Se eu não estivesse tão envolvida nas emoções que sentia por você, nas emoções impraticáveis, eu teria respondido à mensagem.
[...]
Agora, compreendo que ninguém poderia ter salvado o Ty, além dele mesmo. Não há mais ninguém a culpar. Nem você. Nem eu. Ty tinha as rédeas nas mãos.
Compreendo isso agora, racionalmente.
Meu coração ainda quer a máquina do tempo. Terei que fazer meu coração nos perdoar por aquela noite.
Consigo perdoar você com muito mais facilidade do que consigo perdoar a mim mesma" (p. 329-336)
Quase no final, Lexis tem um último sonho com seu irmão, Tyler. Eles jogam uma partida de cartas.
'Então, o que você quer, se ganhar?', pergunta ele.
Olho em seus olhos castanhos. Quero responder àquela mensagem a tempo, penso. Quero salvar você. Mas acima de tudo está: 'Quero ter uma chance de dizer adeus. Não consegui. Você não me deu isso'. (p. 343).
Enfim, uma leitura sensível e que traz muitas reflexões.
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