"Em linhas gerais, diante de um
sujeito que se decide pela morte, o que pode um psicólogo? Primeiramente,
acolher a dor, o sofrimento, a queixa do paciente, por meio de uma escuta
atenta e interessada, sem julgamentos ou expectativas. Para
enfrentar os desafios
na clínica com
esses pacientes, é preciso ter
ânimo.
Â-N-I-M-O é uma sigla
que traz em
si as letras
que direcionam nosso
trabalho:
(A) de atenção:
porque é fundamental
estar atento ao percurso desse sujeito, tanto na vida
quanto no tratamento. Por exemplo, se ele falta
à sessão, devemos
contatá-lo para saber
o motivo de
sua falta, remarcar a sessão; quando algo importante em
sua vida está por acontecer ou diante de uma decisão importante que tenha de
tomar, telefonamos para saber os desdobramentos. O psicólogo deve estar atento,
ser ativo, atuante.
(N) de neutralidade:
diante do que
se escuta, e
isto quer dizer
ouvi-lo sem críticas ou julgamentos, não significa
passividade.
(I) de interesse: que é uma das principais características do nosso
trabalho. Estar interessado no que o paciente tem a dizer, na sua
singularidade, na sua história. [...] É simples: quando atendemos um paciente
um paciente, principalmente se ele está deprimido, escutá-lo com interesse faz
a diferença. E, por fim, precisamos ter
(MO) de motivação, aquela dose de entusiasmo necessária para
sustentar o trabalho com essa clínica. Uma clínica em que precisamos ser
pacientes para suportar sem pressa ou expectativas, o tempo do paciente. [...]
Outro desafio é o despreparo
emocional tanto da família quanto da equipe, responsável por permitir interpretações
simplistas do fenômeno e por provocar
reações de indignação,
de punição, ou
mesmo de compaixão
quanto ao paciente. Então, se havia proposto o ânimo
para enfrentar os desafios com o paciente, com a equipe e a família proponho
PIC, (P) de parceria, (I) de informação e (C) de coragem. Portanto, ÂNIMO e PIC
são ingredientes que não podem faltar no trabalho conjunto para fazer frente, desafiar, prevenir o suicídio”.
- Soraya Carvalho Rigo em “Suicídio
e os desafios para a Psicologia” (CFP, 2013, p. 40-41)
Documento na íntegra em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Suicidio-FINAL-revisao61.pdf