Um dos capítulos do livro "O resgate da empatia - suporte psicológico ao luto não reconhecido", organizado pela psicóloga Gabriela Casellato, o texto aborda o tabu do luto dos sobreviventes (pessoas que perderam alguém por suicídio).
"Por ainda ser forte a presença do preconceito e do julgamento, [...], muitas famílias escondem o acontecimento, e seus integrantes podem ser assolados por sentimentos de vergonha, embaraço ou culpa" (p. 113).
"Muitos enlutados nem sequer admitem que foi suicídio, buscando estratégias de escamotear a verdade para si mesmos ou para algum dos integrantes da família, considerado mais 'frágil' " (p. 114).
"Todos se sentem mobilizados pela perda, e tanto o choque inicial quanto a percepção do estigma podem fazer que os adultos não se sintam capazes de conversar sobre o assunto com os menores. Estes precisam ser ativos em sua própria história e, para isso, torna-se crucial que recebam informações precisas em conversas verdadeiras, claras, simples e abertas, em linguagem apropriada a cada idade" (p. 120).
"Sobreviventes não deveriam sentir-se envergonhados, mas são forçados a se sentir assim pela sociedade, que, por vezes, os evitam, acusam ou responsabilizam, afirmando reiteradas vezes que quem se matou é doente e quem pertence àquela família também o é. Perguntas como 'Você não percebeu nenhum sinal?', 'Como vocês não viram?' ou 'Por que não fizeram nada?' são comuns" (p. 121-122).
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