domingo, 13 de janeiro de 2019

Livro: Por que policiais se matam?

"O diferencial das taxas de suicídio de policiais e da população geral também é expressivo no Brasil. Musumeci e Muniz (1998, p. 30) fizeram um mapeamento da vitimização de policiais militares e civis na cidade do Rio de Janeiro, e constataram que a taxa de suicídio da polícia militar carioca em 1995 foi 7,6 vezes superior à da população geral, ainda que 100% das mortes tenham acontecido durante a folga do policial" (p. 19).

"Os principais achados do projeto de pesquisa 'Suicídio e Risco Ocupacional: o caso da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro' são objeto de análise da primeira parte deste livro. Trata-se de um estudo exploratório que buscou investigar o perfil de policiais militares, a gravidade e as dimensões do problema no estado do Rio de Janeiro. Quem são os policiais militares que se matam? E os que pensam, mas não tentam suicídio? E os que pensam e tentam se matar? Por que agentes de segurança pública tentam se matar? Será que o número de mortes por suicídio e tentativas entre a população policial militar é maior do que entre a população geral do estado da Guanabara? Podemos dizer o mesmo no que concerne à taxa e ao risco relativo de mortes por suicídio entre policiais? Em que condições, policiais militares pensam, tentam e cometem suicídio? Quais são fatores associados ao comportamento suicida entre policiais militares da PMERJ?"

"O perfil do policial suicida na PMERJ, reconstituído a partir das autópsias psicossociais com os seus colegas, amigos e familiares, reúne as seguintes características:

> Ser homem, casado, com filhos e evangélico.
> A maioria dos policiais mortos por suicídio fazia exercícios físicos; não fumavam  e consumiam bebida alcoólica.
> Alguns suicidas utilizaram serviços médicos antes da morte. O serviço psiquiátrico  é um recurso pouco usado pelo policial militar.
> Não há concentração de mortes por suicídio nos diferentes batalhões.
> A maioria dos casos policiais suicidas são de praças.
> Os policiais suicidas tinham ocupação remunerada fora da PMERJ. A atividade principal  era a segurança privada.
> A maioria parte dos mortos por suicídio declarou satisfação em trabalhar na PMERJ.
> E os principais problemas de saúde dos policiais suicidas: diabetes, gastrite, problemas psiquiátricos (depressão e alteração de humor) e consumo de drogas.
fonte: Elaboração própria" (p. 57).

"O diagnóstico concluiu que a maioria dos casos aconteceu sem planejamento. Dezessete policiais agiram por impulsividade. Muitos deles afirmaram que o incidente significou uma resposta imediata ao acúmulo de problemas diversos. Embora esses policiais não tenham planejado o ato suicida, 19 do total (n=22) confessaram ter pensado na maneira pela qual poria 'fim' a sua própria vida" (p. 58).

Trabalho interessantíssimo, organizado pela competente Dayse Miranda.
Leitura mais do que recomendada!




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