Texto que escrevi para o blog do Instituto Vita Alere
Chegamos a mais um “Janeiro Branco”* e as discussões sobre saúde mental ganham força mais uma vez. Entre as diferentes pautas que surgem nesta época, a questão do sofrimento emocional de adolescentes é um dos destaques.
Pensando nisso, trago como sugestão o livro “Confissões de um adolescente depressivo” (Editora Seoman), no qual Kevin Breel escreve sobre sua experiência com a depressão e pensamentos suicidas.
Em 2013, aos 19 anos, Kevin participou de um TED (palestras que trazem diversos conteúdos) falando sobre isso e sobre a importância de quebrar o tabu sobre o sofrimento emocional. Entre tantas coisas interessantes que ele compartilha, chamou minha atenção quando ele diz que enquanto as pessoas viam um jovem que era capitão do time de basquete, o aluno que tinha as melhores notas e estava sempre em festas, na verdade ele enfrentava uma depressão e tinha pensamentos suicidas.
“Eu tinha medo de que as pessoas me vissem como eu realmente era, que eu não era o cara perfeito e popular do colégio que todos pensavam, que sob o meu sorriso, havia dificuldades ...”
Ainda hoje algumas pessoas têm uma visão estereotipada sobre o sofrimento emocional e também, infelizmente, ouvimos ainda comentários que invalidam a dor do outro, especialmente dos adolescentes, como “Essa geração é muito mimimi, os jovens de hoje são fracos e não sabem lidar com a frustração”. Isso só dificulta que as pessoas procurem a ajuda que precisam.
O conteúdo (que eu também recomendo) está disponível aqui:
- é possível ativar as legendas em português - atualmente o vídeo está próximo de obter um milhão de visualizações.
Acredito que relatos pessoais nos ensinam muito. No livro, Kevin fala sobre sua infância e adolescência, sobre eventos que o marcaram. E conta que foi justamente quando começou a escrever sua carta de despedida que percebeu o quanto estava precisando de ajuda:
“Às vezes você precisa mergulhar fundo na escuridão para conseguir apreciar a luz. Outras vezes você está profunda e perigosamente deprimido e precisa encarar isso. Precisa saber a diferença. Se não sabe, converse com alguém. Agora. E lembre-se: ninguém jamais viveu uma vida significativa dormindo o dia todo, preocupando-se à noite toda e morrendo de medo de contar a alguém sobre os próprios problemas” (p. 177).
Kevin conseguiu conversar com sua mãe e deu início ao processo de cuidado, no qual ele destaca a terapia e diz que, embora ainda passe por altos e baixos:
“Eu sei o que é querer morrer. E agora posso dizer que de fato sei o que significa querer viver” (p. 223).
Além da dica de leitura (e do vídeo), fica o convite para pensarmos em espaços de diálogo, escuta e acolhimento não apenas no “Janeiro Branco” ou no “Setembro Amarelo”, mas em todos os dias do ano.
* Janeiro Branco: campanha criada em 2014 com o objetivo de discutir e promover a importância dos cuidados em Saúde Mental. Saiba mais em: http://janeirobranco.com.br/projeto-janeiro-branco/
Publicado originalmente em:
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