Pesquisadores colaboradores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz) disponibilizam a 16ª cartilha da série “Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19”. A mais recente publicação tem como objetivo auxiliar profissionais de saúde a identificarem sinais de alerta e atuarem na prevenção do suicídio. O documento, elaborado em parceria com pesquisadores do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/Fiocruz) e do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, está disponível para download em: https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/05/cartilha_prevencaosuicidio.pdf.
Alguns trechos:
"Os impactos da pandemia de COVID-19 na saúde mental
podem apresentar desde reações normais e esperadas
de estresse agudo por conta das adaptações à nova
rotina, até agravos mais profundos no sofrimento
psíquico" (p. 02).
"Cabe lembrar que o suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial
e o possível aumento no seu número de casos, em uma situação
de pandemia, pode estar relacionado a diferentes fatores como:
medo, isolamento, solidão, desesperança, acesso reduzido a suporte
comunitário e religioso/espiritual, dificuldade de acesso ao tratamento
em saúde mental, doenças e problemas de saúde, suicídios de
familiares, conhecidos ou profissionais de saúde (Reger, Stanley &
Joiner, 2020). De forma geral, podemos entender que se a presença
de um transtorno mental é identificada como um importante risco para
o suicídio, o agravamento de seus sintomas em vigência da pandemia
se configura como um risco ainda maior. Estressores financeiros e
outros precipitadores de suicídio, como aumento do uso de álcool e
outras drogas e violência doméstica, também tendem a se elevar neste
momento de pandemia (GUNNELL et al., 2020)" (p. 03).
"As pessoas que perdem um ente querido por suicídio podem sofrer
cobrança social, preconceito, estigma e discriminação. Os familiares
também podem ficar apreensivos com a possibilidade de que um
suicídio ocorra na família novamente. Sentimentos conflituosos sobre
a perda podem aparecer e dificultar o processo de luto, como por
exemplo, sentir raiva e ao mesmo tempo amor" (p. 13).
"Abaixo apresentamos um resumo das melhores práticas segundo a
Cartilha da OMS (2017), do Ministério da Saúde (2017), do Instituto Vita
Alere (2019) e da Orygen (2018):
O que NÃO fazer:
• Não destacar esse tipo de notícia (por exemplo, colocando na primeira
página);
• Não divulgar o lugar, a carta de despedida e o método utilizado no
suicídio;
• Colocar o suicídio como resultado único da pandemia;
• Jamais compartilhar fotos ou vídeos de um suicídio;
• Não romantizar ou falar como se fosse legal, um ato corajoso ou de
covardia;
• Não relacionar o suicídio com crime, loucura ou falta de fé;
• Não colocar o suicídio como bem sucedido ou dar a entender que a
pessoa encontrou a paz;
• Não determinar um culpado ou um único motivo;
• Não julgar, não fazer piadas ou estigmatizar;
• Não mostrar o suicídio como uma saída.
O que fazer:
• Compreender que o suicídio é complexo e multifatorial;
• Sensibilizar as pessoas para o tema, gerando empatia;
• Informar sempre onde buscar ajuda;
• Lembrar dos que ficaram e respeitar o luto;
• Usar e divulgar fontes de informação confiáveis;
• Interpretar de forma cuidadosa e correta as estatísticas;
• Ter um cuidado extra ao se tratar de suicídio de celebridades;
• Se possível, falar das possíveis consequências físicas no caso de
tentativas de suicídio não fatais;
• Abordar os sinais de risco e alerta (mas sem reducionismos - identificar
o risco pode ser algo complicado);
• Mostrar que existe tratamento e que há outras alternativas ao suicídio" (p. 18-19).
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