É tão triste morrer na minha idade!
E vou ver os meus olhos, penitentes
Vestidinhos de roxo, como crentes
Do soturno convento da Saudade!
E logo vou olhar (com que ansiedade!)
As minhas mãos esguias, languescentes,
Mãos de brancos dedos, uns bebés doentes
Que hão-de morrer em plena mocidade!
E ser-se novo é ter-se o Paraíso
É ter-se a estrada larga, ao sol, florida,
Aonde tudo é luz e graça e riso!
E os meus vinte e três anos...(Sou tão nova!)
Dizem baixinho a rir "Que linda a vida!"
Responde a minha Dor: "Que linda a cova!"
ESPANCA, Florbela. Livro de Mágoas. Disponível em: http://www.citador.pt/poemas/dizeres-intimos-florbela-de-alma-conceicao-espanca.
Florbela Espanca (1894-1930), poetisa portuguesa, autora de sonetos e contos importantes na literatura de Portugal. Sua poesia é conhecida por um estilo peculiar, com forte teor emocional. Florbela Espanca morreu em decorrência de suicídio por barbitúricos, em 1930, no dia de seu aniversário, com apenas 36 anos.
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