Sim, Marx também escreveu sobre esse assunto!
“O suicídio é significativo, tanto para Marx como para Peuchet, sobretudo como sintoma de uma sociedade doente, que necessita de uma transformação radical. [...] Cada indivíduo está isolado dos demais, é um entre milhões, numa espécie de solidão em massa. As pessoas agem entre si como estranhas, numa relação de hostilidade mútua: nessa sociedade de luta e competição impiedosas, de guerra de todos contra todos, somente resta ao indivíduo é ser vítima ou carrasco. Eis, portanto, o contexto social que explica o desespero e o suicídio” (p. 15-16).
“Madame de Stael [...] tentou demonstrar que o suicídio é uma ação antinatural e que não se deve considerá-lo um ato de coragem; sobretudo, ela sustentou a ideia de que é mais digno lutar contra o desespero do que a ele sucumbir. Argumentos como esses afetam muito pouco as almas a quem a infelicidade domina. Se são religiosas, as pessoas especulam sobre um mundo melhor; se, ao contrário, não crêem em nada, então buscam a tranquilidade do Nada. [...] o suicídio não é, de modo algum, antinatural, pois diariamente somos suas testemunhas” (p. 24-25).
“No que diz respeito à coragem, se se considera que ela existe naquele que desafia a morte à luz do dia no campo de batalha, estando sob o domínio de todas as emoções, nada prova que ela necessariamente falte quando se tira a própria vida e em meio às trevas” (p. 25).
“Para saber se o motivo que determina o indivíduo a se matar é leviano ou não, não se pode pretender medir a sensibilidade dos homens usando-se uma única e mesma medida; não se pode concluir pela igualdade das sensações, tampouco pela igualdade dos caracteres e dos temperamentos; o mesmo acontecimento provoca um sentimento imperceptível em alguns e uma dor violenta em outros” (p. 25).
MARX, Karl. Sobre o suicídio. São Paulo: Boitempo, 2006.
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