quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Suicídio Infantil

Suicídio infantil e o caso da menina de 12 anos que se enforcou para rever o pai

Do Site Contioutra  - Link no final do texto




Em outubro do ano passado o Blog PsiconlineBrasil publicou uma matéria sobre o caso da menina Maria Kilso que cometeu suicídio após a morte do pai.
 Brasil, Rússia e outros países reconhecem um aumento significativo dos índices de suicídio entre crianças e adolescentes.
Além disso, temas como bulling, psicopatia infantil e violência doméstica têm entrado cada vez mais em discussão.
A sociedade tradicionalmente concebe a criança como um ser puro, angelical e a família como sua protetora. Entretanto, é sabido que quando algo foge à regra a tendência dessa mesma sociedade é de ocultar o problema, silenciar-se ou mesmo fingir-se de cega. É como se, reconhecer o problema o tornasse maior e a família menos digna.
Nos casos de violência doméstica há o silêncio social das pessoas que sabem que a violência existe, mas não denunciam.
E, entre os familiares, mesmo sem violência física, pode haver um afastamento emocional que impede um vínculo que seja suficientemente suportivo para uma criança que está com a personalidade em pleno desenvolvimento.
Isso, é claro, sem falar da minimização de sintomas psiquiátricos em crianças que podem ser ignorados ou mesmo não tratados por falta de diagnóstico correto.
A questão é, de qualquer maneira, precisamos estar atentos aos sinais, uma vez que eles existem.
Abaixo o exemplo mencionado de um suicídio infantil e após considerações e alertas sobre o tema.
MENINA DE 12 ANOS SE ENFORCA E DEIXA RECADO DIZENDO QUE QUERIA ENCONTRAR SEU PAI NO CÉU
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Uma menina de 12 anos foi encontrada enforcada em seu quarto com um bilhete ao lado dizendo que ela queria ficar com seu pai no céu. Maria Kislo ficou arrasada com a perda de seu pai, Arek, que morreu após sofrer um súbito ataque cardíaco em 2009.
A menina foi encontrada por sua mãe, Monika, de 35 anos, que havia subido ao quarto da garota para ler uma história antes dela dormir. O recado de Maria para a mãe dizia: “querida mamãe. Por favor, não fique triste. Eu sinto tanta falta do papai, que quero vê-lo novamente.”
Monika ficou desolada, e disse que só tem forças para superar por causa do filho Michal, de 13 anos.
SUICÍDIO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

A ideação suicida é comum na idade escolar e na adolescência; as tentativas, porém, são raras em crianças pequenas. Tentativas de suicídio consumado aumentam com a idade, tornando-se comuns durante a adolescência.

Dos 6 aos 7 anos a criança encontra-se na fase do pensamento pré-lógico, com predomínio do pensamento mágico. No seu modo egocêntrico de pensar, a criança não admite a existência do acaso, já que relaciona todos os eventos a suas próprias experiências. Nesta fase, a ideia de morte é limitada e não envolve uma emoção em especial.

O pensamento mágico vai sendo substituiodo pelo raciocionio lógico e a morte para de ser vista como processo reversível e torna-se uma ideia de processo de deterioração do corpo irreversível; sem preocupação, porém com o que virá após a morte.

Aos 11 a 12 anos, há passagem do pensamento concreto para o pensamento abstrato e surge a preocupação com a vida após a morte. O jovem entra no mundo através de profundas alterações no seu corpo, deixando para trás a infância e e é lançado num contexto desconhecido de novas relações. Assim, invadido pó forte angústia, confusão e sentimento de que ninguém o entende, que está só e que é incapaz de decidir corretamente seu futuro.

Isso ocorre, principalmente, se o jovem estiver num grupo familiar também em crise, por separação dos pais, violência doméstica, alcoolismo ou doença mental de um dos pais, doença física ou morte.

O jovem que considera o suicídio como a solução para seus problemas deve ser observado de perto, principalmente se estiver se sentindo só e desesperado, sofrendo a pressão de estressores ambientai e insinuando que é um fardo para os demais.

FATORES DE RISCO

90% dos jovens apresentam algum transtorno mental no momento do suicídio (e em 50% destes o transtorno mental já estava presente havia pelo menos 2 anos). Comportamentos de risco: envolvimento em esportes radicais sem técnica e equipamentos adequados, dirigir embriagado, uso abusivo de drogas ilícitas, atividade sexual promíscua, brigas constantes e envolvimento com gangues. Baixa energia decorrente de estados depressivos leva à desesperança e ao menor potencial para geração de soluções alternativas para situações problemáticas interpessoais assim como uma menor flexibilidade para enfrentar situações problemáticas. Outro problema é considerar eventos negativos como de sua responsabilidade. Já o lado oposto e que também leva a situações de alto risco são os comportamentos impulsivos e a agressividade.

MITOS E VERDADE DE COMPORTAMENTOS SUICIDAS

MITOS

Quem quer se matar não avisa!
Um suicida quer realmente morrer?
Suicídio é covardia ou coragem?
O suicida tem que estar deprmidio?
VERDADES

80% avisam que vão se matar!
O suicida não quer morrer e sim parar de sofrer!
O suicídio é visto como uma solução para acabar com o sofrimento.
RECOMENDAÇOES AO SE AVALIAR CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE TENTARAM SUICÍDIO

Todas as ameaças de suicídio devem ser encaradas com seriedade, mesmo quando possam parecer falsas ou manipulativas. Ajudar a pessoa a avaliar a situação, permitindo que ela descubra novas soluções para seu sofrimento, explorar com ele tais soluções e orientá-lo em direação a uma ação concreta. Procurar compreender as razões pela qual a crinaça ou adolescente optou pelo suicídio como forma de lidar com seu sofrimento, não minimizando seus problemas e sofrimento. Transmitir esperança sem dar falsas garantias e não fazer promessas que não possam ser cumpridas. Romper o isolamento em que vive o jovem e abordá-lo diretamente. Expressar disponibilidade para escutá-lo sem julgamento, evitar insultos, culpabilização ou repreensões morais. Reconhecer a legitimidade do problema e tratá-lo como adulto. Avaliar a urgência do caso, verificar se as ideias de suicídio são frequentes e se o jovem apresenta meios para executá-lo. Não deixar o cliente sozinho até que as providências sejam tomadas. Desmentir o mito de que os adultos não podem mais ajudá-lo. Envolver a família.

QUESTÕES QUE AJUDAM A AVALIAR A INTENÇÃO SUICIDA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Você já se sentiu chateado alguma vez em que desejou morrer? 
Alguma vez você fez algo que sabia ser perigoso o bastante para você se machucar ou até mesmo morrer? 
Alguma vez você tentou se machucar? 
Alguma vez você já tentou se matar? 
Você, às vezes, pensa em se matar?

Fonte:

Publicado em 30 de maio de 2014.


domingo, 25 de outubro de 2015

Suicídio e adolescência

"Tentativas de suicídio e suicídio entre adolescentes constituem-se em uma situação frequente na atualidade, ocorrendo, em sua maioria, após rompimentos de relacionamentos afetivos ou desentendimentos familiares. Nessa perspectiva, adolescentes justificam tentativas de suicídios em função de vínculos familiares fragilizados ou distorcidos e relações afetivas rompidas ou não correspondidas que, simbolicamente, podem significar frustração afetiva, familiar, relacional, social e cultural.

Neste contexto, percebe-se que as tentativas de suicídio refletem também nas pessoas próximas destes sujeitos, havendo modificação na vida cotidiana de cada um, inserido em um círculo momentâneo de dor e insegurança, afinal, ao mesmo tempo o indivíduo é homicida e vítima. Em geral, o adolescente nessa situação vive uma crise familiar desencadeada pela tentativa de suicídio a qual se mostra complexa, uma vez que é influenciada pelas histórias passadas, presentes e pelas expectativas em relação ao futuro, cujo sofrimento pode paralisar a família e gerar o medo de que essa situação ameace a estrutura familiar.

A adolescência, de acordo com o paradigma biomédico, é uma fase do desenvolvimento humano de transição entre a infância e a vida adulta, identificada principalmente pelas transformações biológicas da puberdade e relacionadas à maturidade biopsicossocial. Adolescente é toda pessoa com idade entre 12 e 18 anos, configurando-se em uma fase de transição entre a infância e a idade adulta, podendo ser considerada uma etapa do desenvolvimento do ser humano e marcada por inúmeras transformações físicas, emocionais e sociais. Cabe a ressalva de que sofrimentos vivenciados nesse período podem impingir marcas, com reflexos ao longo da vida do indivíduo.

Na mesma perspectiva, na adolescência podem ocorrer conflitos entre gerações, choque entre os interesses e valores dentro da ordem familiar e, ainda, nesta fase o prazer aparece aliado ao medo. No intuito de corroborar, a adolescência, assim como outras fases do desenvolvimento, se caracteriza em todos os momentos pela polaridade entre perdas e ganhos, lutos e aprendizagens, bem como medos e vivências de novas experiências. O jovem tende a ser contestador, impetuoso e, ao mesmo tempo, imaturo e inseguro ao deparar-se com novas visões da família e da sociedade, aliado a um novo papel social, com escolhas sexuais e profissionais.

O suicídio tem se mostrado uma situação comum, vivenciada por adolescentes. Este evento resulta de um ato deliberado, iniciado e levado a termo por uma pessoa com conhecimento ou expectativa de um resultado fatal.  O suicídio é hoje responsável por 12% das mortes entre adolescentes. Do mesmo modo houve aumento da prevalência de tentativas de suicídio. A maioria das tentativas de suicídio na adolescência está associada a transtornos psiquiátricos, em especial, os depressivos." 

[...]
"Os relatos evidenciam que os adolescentes não almejam a morte, o que desejam na verdade é livrar-se do sofrimento, tendem a buscar incansavelmente uma vida nova, sem frustrações e confrontos, a fim de encerrar o desgosto de uma existência que lhe parece desprovida de sentido. Em estudo realizado com profissionais de saúde de emergências psiquiátricas, evidencia-se que o suicida está tentando fugir de uma situação de sofrimento que chega aos limites do insuportável, a tentativa de suicídio mostra-se como um momento de pedido de ajuda, em situação de extremo desespero." 

[...]
"A rede de apoio desempenha um papel preponderante na inclusão social de pessoas que tentaram o suicídio e se constitui em instrumento de proteção, uma vez que permite a inserção dos jovens. Nela o adolescente pode encontrar ajuda por meio da discussão de problemas inerentes a sua realidade individual. Bom relacionamento com familiares, apoio familiar, relações sociais satisfatórias, confiança em si mesmo, capacidade de procurar ajuda, manutenção da integração social e bom relacionamento com colegas, professores e amigos se constituem em fatores de proteção contra o comportamento suicida."

Referência: Hildebrandt LM, Zart F, Leite MT. A tentativa de suicídio na percepção de adolescentes: um estudo descritivo. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2011 abr/jun;13(2):219-26.






quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Avaliação retrospectiva: autópsia psicológica para casos de suicídio - Blanca Guevara Werlang

"O mundo em que vivemos está voltado para o progresso e para a produtividade. Neste contexto, a morte por suicídio estabelece um contra-senso, um paradoxo. É algo que choca e impressiona mais, porque coloca em evidência uma situação psicológica mais difícil de se aceitar - que é o fato do indivíduo optar livremente pela própria morte." (p. 196)

"O principal problema [...] é saber como predizer que indivíduos, potencialmente suicidas, vão transformar suas fantasias e/ou ideações em atos concretos. [...]
Entretanto, segundo a literatura, há uma possibilidade de chegar à compreensão do suicídio (ato de se matar intencionalmente) através de exames retrospectivos. [...]" (p. 196)

"A avaliação retrospectiva possibilita, então, observar pistas diretas ou indiretas relacionadas àquele comportamento letal que estava por vir, permitindo, através do método que se convencionou chamar de autópsia psicológica, compreender os aspectos psicológicos de uma morte específica, esclarecendo o modo da morte, refletindo a intenção letal ou não do falecido.

A autópsia psicológica foi desenvolvida no final da década de cinquenta, nos Estados Unidos, no Centro de Prevenção ao Suicídio (CPS) em Los Angeles. [...]
Portanto, em casos duvidosos, realizava-se o método de autópsia psicológica para se obter informações psicológicas valiosas para classificar com maior precisão o registro de suicídio no certificado de óbito, preenchendo uma lacuna, uma falha, na certificação da causa de morte." (p. 197)

"Assim, entendendo o suicídio como o ato de se matar intencionalmente e a autópsia psicológica como uma forma de avaliar, após a morte, o que estava na mente da pessoa antes da morte, pode-se conceitualizar a autópsia psicológica como um tipo de estratégia de avaliação retrospectiva, que tem como finalidade reconstruir a biografia da pessoa falecida por meio de entrevistas com terceiros (cônjuge, filhos, pais, amigos, professores, médicos, etc) e da análise de documentos (pessoais, policiais, acadêmicos, hospitalares, auto da necropsia, etc)". (p. 197)

"Há, pois, quatro questões básicas a serem respondidas na autópsia psicológica: 'Por quê?', 'Como?', 'De quê?' e 'O quê?'. E há quatro constructos subjacentes à estratégia da autópsia psicológica: motivação, intencionalidade, letalidade e precipitadores e/ou estressores.

  • Quanto ao foco de investigação
- Motivação (Por quê?)
Identificação das razões psicológicas para morrer, na área da conduta, do pensamento, do estilo de vida e da personalidade como um todo.

- Intencionalidade (De quê?)
Papel consciente do próprio indivíduo no planejamento, na preparação e na objetivação da ação destrutiva.

- Precipitadores e/ou estressores (O quê?)
Fatos ou circunstâncias que acionariam o último empurrão para o suicídio.

- Letalidade (Como?)
Identificação da escolha do método e grau do autodano.

  • Quanto às áreas exploradas
Funções cognitivas
Características de personalidade
Transtornos psicopatológicos e respectivo tratamento
Uso ou abuso de substâncias
Relações interpessoais
Padrões de ajustamento e dados policiais
História familiar
Problemas de saúde e/ou tratamentos médicos
Dados acadêmicos e profissionais
Aspectos socioeconômicos e ambientais

  • Quanto à época de coleta de informações
Vida pregressa
Últimos anos
Últimos meses
Últimas semanas
Últimos dias
Últimas horas

  • Quanto aos objetivos
Identificar:
- O modo de morte, por motivos forenses
- O grau de intencionalidade e a letalidade
- Indícios premonitórios do suicídio em verbalizações e comportamentos
- Fatores de risco de suicídio
- Fatores psicodinâmicos
- Eventos precipitadores do suicídio

Implementar:
- Apoio aos familiares
- Pesquisa para entendimento do suicídio



"Pode-se, de certa forma, dizer, como expressa Selkin (1994), que a 'autópsia psicológica é para a suicidologia como uma entrevista é para o desenvolvimento da ciência da psicologia' (p. 74). Dessa forma, a autópsia psicológica tem demonstrado ser útil como instrumento de pesquisa e avaliação clínica". (p. 201)



       
Referência:
Blanca Guevara Werlang 
"Avaliação retrospectiva: autópsia psicológica para casos de suicídio"
In: Psicodiagnóstico V - Jurema Alves da Cunha e colaboradores   



  

domingo, 18 de outubro de 2015

"Porque queremos viver para sempre? Porque desejamos que o dia de amanhã nos traga alguém que amamos. Porque queremos conviver mais um dia com a pessoa que está ao nosso lado. Porque queremos encontrar alguém que mereça nosso amor, e que saiba, por sua vez, nos amar como achamos que merecemos.

Por isso, quando um homem não tem ninguém que o ame, sente uma profunda vontade de morrer. Enquanto ele tiver amigos, gente que ele ama e que o ama, ele viverá.

Porque viver é amar.

Até mesmo o amor por um animal de estimação - um cachorro, por exemplo - pode justificar a vida de um ser humano. Mas ele não tiver mais este laço de amor com a vida, desaparece também qualquer razão para continuar vivendo.

Seja qual for sua crença, ou sua Fé, busque primeiro o Amor. E o resto lhe será acrescentado."

O Dom Supremo - Henry Drummond


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Percurso suicida

O objetivo do trabalho de Marquetti e Milek (2014) foi "conhecer as transformações do cotidiano no mês anterior à tentativa de suicídio dos sujeitos". 

"O enfoque deste estudo baseou-se no pressuposto de que o desejo suicida suscita mudanças nas atividades cotidianas daqueles que intentam o suicídio e que estas transformações podem ser observadas e analisadas para sinalizar a progressão da idéia auto-destrutiva. A identificação da variação nas atividades cotidianas do suicida pode ser usada como instrumento preventivo para o ato, permitindo, dessa forma, que profissionais de saúde e pessoas próximas ao indivíduo ofereçam, antecipadamente, a assistência necessária para as situações de vulnerabilidade. 

1) Atividades de sociabilidade/relações afetivas: conflitos familiares, afastamento dos filhos, brigas e conflitos com cônjuge, agressões físicas e verbais do cônjuge, separação do cônjuge, briga com irmãos, conflito financeiro com familiar, decepção, mágoa e ressentimento com familiar(es), isolamento social, abandono da atividade de conversação com as pessoas, perda de entes queridos (marido) e perda de animal de estimação. 

2) Atividades laborais e escolares: demissão do trabalho, afastamento do trabalho, abandono do trabalho, abandono dos estudos, perda da vontade de trabalhar e perda financeira. 

3) Atividades da rotina diária: abandono do cuidado da casa, abandono do cuidado dos filhos, abandono da atividade de cozinhar e perda de paciência no cuidados com os filhos. 

4) Atividades eletivas/lazer: abandono de atividade religiosa, abandono de atividade física, abandono de atividades culturais e abandono de atividades externas (que implicam em sair de casa). 

5) Atividades nos cuidados pessoais: suspensão ou diminuição da alimentação e dos cuidados pessoais de higiene e estética. 

6) Atividades corporais no cotidiano: inatividade, insônia, dores no corpo, emagrecimento, choro fácil e sem motivo aparente. 

7) Sentimentos e pensamentos do cotidiano: sensação de abandono, sensação de solidão, sensação de exclusão, decepção com as pessoas, ansiedade, nervoso, depressão, tristeza, irritação, raiva, revolta, desânimo, medo, vontade de ficar sozinho, aborrecimento por qualquer motivo, angústia repentina e intensa, pensamentos sobre problemas, pensamentos sobre a morte e pensamentos sobre como terminar com sua vida, aumento da sensibilidade/emotividade e impulsividade. 

8) Outros sinais do cotidiano: Bilhetes em papel e mensagens no computador no dia da tentativa de suicídio." 

Fonte:
Percurso suicida: observação e análise de alterações no cotidiano do indivíduo com tentativas de suicídio
Autoras: Fernanda Cristina Marquetti e Glenda Milek.
Artigo na íntegra disponível em: http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/64664/87286


domingo, 11 de outubro de 2015

Livro: Eu estive aqui ________________ Gayle Forman

Assim como coloco no blog vídeos, artigos e poesias que falam a respeito do suicídio, acredito que a literatura também pode trazer novas reflexões.
Acabei de ler "Eu estive aqui", livro de Gayle Forman. Em um romance voltado principalmente para jovens, a história é resumida da seguinte forma na contracapa:


"Quando sua melhor amiga, Meg, toma um frasco de veneno sozinha num quarto de motel, Cody fica chocada e arrasada. Ela e Meg compartilhavam tudo... Como podia não ter previsto aquilo, como não percebera nenhum sinal?
A pedido dos pais de Meg, Cody viaja a Tacoma, onde a amiga fazia faculdade, para reunir seus pertences. Lá, acaba descobrindo muitas coisas que Meg não havia lhe contado. Conhece seus colegas de quarto, o tipo de pessoa com quem Cody nunca teria esbarrado em sua cidadezinha no fim do mundo. E conhece Ben McCallister, o guitarrista zombeteiro que se envolveu com Meg e tem os próprios segredos.
Porém, sua maior descoberta ocorre quando recebe dos pais de Meg o notebook da melhor amiga. Vasculhando o computador, Cody dá de cara com um arquivo criptografado, impossível de abrir. Até que um colega nerd consegue desbloqueá-lo... e de repente tudo o que ela pensou que sabia sobre a morte de Meg é posto em dúvida.
Eu estive aqui é Gayle Forman em sua melhor forma, uma história tensa, comovente e redentora que mostra que é possível seguir em frente mesmo diante de uma perda indescritível."

A questão que mais se destaca no livro, para mim, é a busca por respostas e por culpados, que costuma ser comum para as pessoas que ficam - os sobreviventes. Como aparece em alguns pensamentos da personagem Cody:

"Mas minha vontade é gritar para as pessoas pararem de me perguntar isso. Porque não sei o que Meg me contou e eu ignorei, e o que ela não me contou. Se tem uma coisa que sei é que ela não me contou que estava sofrendo tanto que a única maneira de acabar com a dor era encomendar uma dose de veneno industrial e mandá-lo goela abaixo" (p. 29)

"Queria não ter feito isso. Porque, quando o olho pela última vez, ele exibe um esgar que é uma mistura de raiva e culpa. Conheço muito bem essa expressão: eu a vejo todos os dias no espelho". (p. 33) 

A própria autora coloca, no final do livro, uma nota que explica o enredo. Ela diz que há alguns anos, entrevistou familiares e amigos de jovens mulheres que haviam se matado, para um artigo. Entre as histórias, destacou-se para ela a de Suzy Gonzales, uma jovem de 19 anos, à qual as pessoas próximas se referiam como alguém inteligente, criativa, carismática e inconformista - foi essa a inspiração para a personagem Meg. 

"Olhando de fora, ela não me parecia - e nem às pessoas que entrevistei - alguém que pudesse cometer suicídio. Exceto por um detalhe: [...] Suzy sofria de depressão. Quando começou a ter pensamentos suicidas, foi ao centro de saúde da universidade em que estudava em busca de ajuda, mas acabou depositando sua confiança em um grupo de 'apoio' a suicidas, no qual não só aplaudiram sua iniciativa de se matar, como lhe deram conselhos sobre como fazê-lo"
[...] Cody é uma jovem arrasada pela morte da melhor amiga. Em meio à angústia e à dor da perda, só lhe restam a tristeza, a raiva, o arrependimento e perguntas que nunca serão respondidas. Cody e Meg são fictícias, mas isso não me impede de fazer o seguinte questionamento: se Meg soubesse o que seu suicídio causaria à melhor amiga, à família, ela teria se matado assim mesmo? Também me pergunto se, mergulhada nas profundezas de sua depressão, Meg seria capaz de entender a extensão do impacto que causaria. [...]
Segundo a Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio, a esmagadora maioria das pessoas que comete suicídio (90% ou mais) sofre de algum distúrbio mental no período que antecede a morte. [...] Felizmente, existem tratamentos: o mais comum é uma combinação de terapia e medicamentos reguladores de humor. Recusar tratamento para depressão ou transtorno de humor é como receber um diagnóstico de pneumonia e se recusar a tomar antibióticos. [...]
Nem todas as pessoas que sofrem de depressão cometerão suicídio. A grande maioria, não. E nem todo mundo que se pergunta em algum momento como seria morrer é necessariamente suicida. [...] Acredito que todos nós temos dias ou semanas tão ruins que às vezes fantasiamos sobre simplesmente não existir. Isso é diferente de ter a mente controlada por pensamentos suicidas, vê-los se transformarem em planos e, por fim, em tentativas concretas. Segundo a OMS, 90% dos suicídios podem ser evitados, e boa parte das pessoas dá indícios de que pensam em cometê-lo.
[...] A vida pode ser difícil, bonita e caótica, mas com um pouco de sorte, a sua será longa. Se for, você verá que é também imprevisível e que há momentos de escuridão. Mas eles passam, às vezes graças a muito apoio externo, e o túnel se alarga, permitindo que os raios de sol entrem. Se você estiver na escuridão, pode parecer que vai continuar nela para sempre. Tateando às cegas. Sozinho. Mas não vai - e não está sozinho. Há muitas pessoas dispostas a ajudá-lo a voltar à luz. [...]
Se você estiver sofrendo e precisando de ajuda, o primeiro passo é contar para alguém. Procure seus pais, irmãos mais velhos, tios, tias, ou qualquer adulto de confiança. [...] Esse é o primeiro passo, e não o último. Abrir-se com alguém não é suficiente. Depois que você contar seu problema a essa pessoa, ela poderá ajudá-lo a encontrar a ajuda e o apoio de que precisa.
Ou entre em contato com o Centro de Valorização da Vida - CVV."         

    

  







domingo, 4 de outubro de 2015

"Um empresário cearense endividado quis acabar com sua própria vida. Ele colocou uma arma na cabeça e, para que ninguém ouvisse o tiro, ligou o rádio no volume mais alto. Naquele instante, começou a tocar "Tente Outra Vez" no rádio. O homem ouviu a música até o fim, refletiu, e desistiu de se matar. Tentou outra vez e conseguiu. Depois do ocorrido, ele quis conhecer a família Seixas. Foi a Salvador e contou o fato."

Ás vezes, pensamos que a prevenção ao suicídio exige uma grande habilidade, horas de conversa, medicamentos e um tratamento a longo prazo ...
Existem casos em que uma palavra, uma escuta e até mesmo uma música faz toda a diferença. 




sábado, 3 de outubro de 2015

Apresentação da Palestra: Cuidado, frágil: falando sobre atenção ao suicídio


Apresentação da palestra apresentada na XLII Semana de Psicologia da Unisantos, em 02/10/2015.

Para acessar os slides, clique no link acima ;)





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Vídeos que fizeram parte da apresentação:
1) CVV - Decisão

2) Daniel

3) Raul Seixas - Tente outra vez


4) Enquanto houver sol - vídeo feito por mim, com frases e a linda música dos Titãs