domingo, 20 de novembro de 2016

Perdão, Leonard Peacock ______________________ Matthew Quick


Dica de livro [Atenção: contém spoilers]

"Perdão, Leonard Peacock", de Matthew Quick (o autor de "O lado bom da vida". Comecei e acabei de ler esse livro em um dia ...

Sinopse: "Hoje é o aniversário de [18 anos de] Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich.
Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto.

Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto".


A história vai apresentando os motivos de Leonard para pensar em matar seu ex-amigo e se matar no dia do seu 18º aniversário, bem como sua busca para encontrar um motivo para não conseguir isso ... Ao longo do dia, Leonard quer se despedir de quatro pessoas que foram importantes para ele, deixando para cada uma um presente.

"Quero me despedir deles adequadamente. Quero dar para cada um algo que os faça se lembrar de mim. Para que saibam que eu realmente me preocupo com eles e que lamento não ter sido mais do que fui - não poder ter continuado por perto - e que o acontecerá hoje não é culpa deles" (p. 13). 


Leonard respeita e admira muito seu professor Silverman. Ele valoriza seus alunos, fazendo questão de cumprimentar a todos no início de cada aula, além de realmente procurar estimulá-los em suas aulas. Leonard tem observado que o professor sempre tem os braços cobertos, mesmo nos dias quentes, e começa a imaginar se o professor tem alguma cicatriz que gostaria de esconder.

"Para mim é difícil crer que Herr Silverman tenha tentado se suicidar, porque ele é uma pessoa muito centrada hoje em dia; é realmente o adulto mais admirável que conheço. Às vezes, chego a desejar que em algum momento ele tenha se sentido vazio, sem esperança e desamparado o bastante para cortar os pulsos até os ossos, porque, se ele sentiu essas coisas horríveis e sobreviveu para se tornar um adulto tão fantástico, então talvez haja esperança para mim" (p. 14-15). 

"- Minha vida vai melhorar? Você acredita mesmo nisso? - pergunto, embora eu saiba o que ele vai dizer, o que a maioria dos adultos sente que precisa ser dito quando lhe fazem esta pergunta, embora a enorme quantidade de evidências e experiências de vida sugiram que a vida das pessoas fica cada vez pior até elas morrerem. A maioria dos adultos simplesmente não é feliz, isto é um fato. Mas eu sei que soará menos mentiroso vindo de Herr Silverman. 
- É possível. Se você estiver disposto a fazer com que isso aconteça. 
- Acontecer o quê? 
- Não deixar o mundo destruí-lo. Essa é uma batalha diária" (p. 187).

O mistério dos braços cobertos acaba sendo um gancho para um pedido de ajuda por parte de Leonard ...

As "cartas do futuro", ideia do seu professor preferido, também são muito significativas. Nelas, Leonard tenta imaginar para si mesmo um futuro bem diferente, no qual ele encontra todo o afeto que gostaria de encontrar no seu presente. 

Trechos de uma delas: 

"[...] Você acredita no futuro agora. É fácil para você, porque ama o presente. E, também, porque agora você tem S. Você ainda fica melancólico algumas vezes, especialmente quando pensa no passado, mas geralmente você é feliz. É uma vida boa e estranha. Somos uma pequena família feliz. Eu entendo que você esteja passando por um momento difícil, Leonard. [...] Eu sei que você realmente quer matar aquele certo alguém. Que você se sente abandonado por seus pais. Desprezado na escola. Sozinho. Sem amigos. Preso. Com medo.

Seu passado - aquilo que você está experimentando atualmente - seria difícil para qualquer um suportar. Você teve de ser muito forte para conseguir chegar tão longe. Admiro sua coragem, e espero que você possa aguentar mais um pouco. Vinte anos parecem muito tempo, aposto, mas vão passar mais rápido do que você pode imaginar.


Eu sei que você só quer que tudo acabe, que não consegue ver nada de bom em seu futuro, que o mundo parece escuro e terrível, e talvez você tenha razão, o mundo pode ser, definitivamente, um lugar apavorante. Eu sei que você mal está suportando. Mas, por favor, aguente mais um pouco. Por nós. Por si mesmo. [...] Um estranho, belo e novo mundo o aguarda, Leonard. Nós encontramos um oásis em suas ruínas. De verdade.
Se quiser conhecê-lo, apenas aguente, está bem?" (p. 36-37).


Enfim, um livro muito bem escrito sobre a importância dos encontros que temos ao longo das nossas vidas.

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