domingo, 24 de junho de 2018

Livro Suicídio: Estudos Fundamentais

Considero esta uma obra de referência, embora disponível apenas na Estante Virtual atualmente.
Publicado em 2004, traz diferentes temas no campo da suicidologia (aspectos históricos, religião, aspectos psicológicos, teoria social, abordagem médica, manejo e prevenção) que ainda hoje são pertinentes e convidam à novas reflexões dentro do nosso contexto atual.

O comportamento suicida
Por Alexandrina Meleiro e Saint-Clair Bahls 

"A pessoa quase sempre olha para o suicídio como uma opção no vácuo da solução. Em outras palavras, a pessoa suicida acredita verdadeiramente que todas as outras razões para resolver o problema têm sido tentadas e falhadas. Como estas opções são removidas da lista de possibilidades, novas opções tornam-se mais e mais extremas, particularmente se há uma ideia de grande dor associada com o problema. [...] é alguém que convincentemente acredita o tempo todo que não há realmente nenhuma outra opção variável de solução para seu problema. Isto de fato é uma chave propulsora para o ponto de intervenção com o paciente suicida" (p. 31). 

"Nossa cultura dá uma ênfase pesada sobre o sentimento bom, e uma grande variedade de tecnologia tem sido desenvolvida para dar uma aparência que as pessoas não têm sofrimento. Isto cria um interessante paradoxo para a pessoa que está em dor emocional e que não é provável seguir em frente. A pessoa luta contra a disposição para sofrer.
[...] há usualmente um diálogo interno sobre o sentimento mau de dor, anormal ou um sinal de fraqueza pessoal. Em essência, a pessoa não aceita isso, que acaba por causar dificuldades tremendas na regulação emocional, que é vivenciada como estar fora do controle" (p. 32).

"O que faz a diferença entre decisão de vida e morte não é só a presença de fatores de risco, mas o acesso a meios letais, bem como a presença de fatores protetores que irão fortalecer as estratégias de enfrentamento" (p. 33). 

"Os esforços de prevenção ao suicídio muitas vezes dirigem-se à melhora da assistência clínica ao indivíduo que já luta contra ideias suicidas, ou ao indivíduo que precise de atendimento médico por tentativa de suicídio. A prevenção ao suicídio também exigirá abordagens que possam reduzir a probabilidade do suicídio antes que indivíduos vulneráveis alcancem o ponto de perigo" (p. 35). 

Cap. Abordagem médica da tentativa de suicídio
Por Alexandrina Meleiro, Andréia Zavaloni Scalco e Carolina de Mello-Santos

"A internação hospitalar, por si só, não é um tratamento, é somente um local onde estabelece - se uma relação terapêutica para facilitar uma melhor observação do paciente suicida. Durante a hospitalização o paciente deve receber atendimentos constantes que facilitarão o estabelecimento do tratamento adequado, assegurando - lhe a vida e proporcionando a sua melhora. O objetivo da internação é impedir o ato impulsivo do suicídio e iniciar rapidamente um tratamento adequado. [...] Durante o tratamento tanto hospitalar quanto ambulatorial, é importante auxiliar o paciente a desenvolver habilidades e recursos para que ele consiga se reintegrar à sociedade com segurança e independência". (p. 166).

Cap. Manejo das situações ligadas ao suicídio
Por Alexandrina Meleiro, Neury Botega e José Gilberto Prates

"O indivíduo com risco de cometer suicídio deve ser examinado como uma pessoa única, inserida numa sociedade, vivendo numa circunstância particular de vida e carregando a sua própria história psicobiológica. Os estudos epidemiológicos, preocupados com os aspectos exteriores do suicídio, acabam por reduzir o aspecto humano a simples taxas, cifras, números e porcentagens, cujas conclusões escamoteiam e anulam a possibilidade de conhecer o indivíduo como pessoa que necessita de uma ajuda específica naquele momento" (p. 177).   



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