domingo, 22 de maio de 2016

"E a vida continua... O processo de luto dos pais após o suicídio de um filho"

Tese de Mestrado de Daniela Reis e Silva
Sob orientação da Profa. Dra. Maria Helena Pereira Franco
PUC-SP 2009


Citação na pág. 122:
“Suicídio não é um ato solitário.
A pessoa amada pensa que está matando apenas a si mesma,
mas ela também mata uma parte de nós.”
(BOLTON, 1997, p. 202).


RESUMO
O suicídio é um ato complexo considerado problema de saúde pública, e pouca atenção tem sido dispensada aos sobreviventes. Este trabalho trata do processo de luto de pais por suicídio de um filho por englobar duas variáveis de potencial risco para o desenvolvimento do luto complicado: a perda de um filho e a morte por suicídio. Examina o processo à luz do paradigma sistêmico. Adota uma metodologia de abordagem qualitativa, mediante um estudo de caso que envolve uma mãe enlutada há um ano e três meses. Utiliza como instrumentos uma entrevista semiestruturada e a construção do genograma familiar. A análise temática revela uma riqueza nos dados obtidos, apesar do trauma e do sofrimento envolvidos, mostrando que as características do filho, a história da doença, o suicídio, o choque, a culpa, a paralisia, a saudade, a tristeza, os altos e baixos, a saúde, a resiliência, entre outros aspectos emergentes que aparecem mesclados no discurso da participante, influenciam de maneira recursiva o processo de luto. Conclui que a religiosidade, o apoio profissional, o apoio social, a arte, a construção de significados, o compartilhar, entre outros recursos de enfrentamento, podem contribuir positivamente, mesmo em pouco tempo, para uma mudança nas expectativas para o futuro. Considera que os dados obtidos são apenas o começo do reconhecimento da importância do cuidado de não se rotular negativamente os sobreviventes ao suicídio, além da possibilidade de romper o silêncio e o preconceito que os envolvem, para que possam receber o acolhimento adequado.

Palavras-chave: Luto por suicídio. Luto familiar. Luto parental. Luto complicado. Suicídio.

"Cassorla (2004, p. 29) é enfático ao dizer que o suicida não quer morrer, mas fugir do sofrimento, substituindo-o “[...] por uma ‘vida’ após a morte, prazerosa, por vezes prêmio ou compensação por seus sofrimentos ou sacrifícios terrenos [...]”, independente de crenças ou não-crenças religiosas.
Meleiro e Bahls (2004) afirmam que a crise suicida envolve uma dor emocional tão grande que o indivíduo não consegue suportá-la, tornando-se uma crise relacionada aos três “is”: intolerável, interminável e incapaz. Assim, acredita ser incapaz de resolver o problema e, sem ter nenhuma expectativa de que a situação se modifique, passa a julgá-lo interminável.
Muitas pessoas pensam em morrer, mas não pensam em se matar. Outras pensam em se matar, mas jamais fazem uma tentativa. Meleiro e Bahls (2004) afirmam que a maioria das pessoas que tenta suicídio não morre por essa causa. Para Botega, Rapeli e Cais (2006), as tentativas de suicídio acontecem com pessoas que estão sob tensão, como expressão aguda de seu sofrimento, e, em sua maioria, sem apoio do meio familiar e social." (p. 28)

"Brown (2001) e Caselatto (2002) concordam que a inversão do ciclo vital com a morte antecipada de um filho é considerada o pior tipo de perda, pois a maioria dos pais vê os filhos como extensão de suas esperanças e sonhos de vida, tornando-os foco emocional importante da família. A perda de um ou mais deles pode destruir esperanças, confiança, e trazer desespero para toda uma vida (RANGEL, 2008). Para os pais, de acordo com Klass (1999), a morte de um filho é a perda da esperança da imortalidade. Parkes (2009) considera que, para a maioria das pessoas do mundo ocidental, a morte de um filho é a fonte de pesar mais atormentadora e dolorosa. “Ao perdermos nossos filhos, perdemos a oportunidade de compartilhar a vida deles, seu futuro, suas alegrias e sucessos, além de seu amor por nós” (PARKES, 2009, p. 200)." (p. 89)




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